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A escolha profissional-vocacional, nem sempre a profissão que temos, atende à nossa vocação pessoal.

Muitas vezes nos equivocamos quando imaginamos que essas coisas caminham juntas. Ter uma profissão ou uma ocupação profissional não significa obrigatoriamente que ela envolve nosso apelo vocacional.


Para começarmos a refletir sobre esse assunto, é importante entendermos cada uma dessas palavras:


A - Profissão é nossa forma de ganhar nosso sustento, nosso trabalho. Conforme Wikipédia:


“Profissão é um trabalho ou atividade especializada dentro da sociedade, exercida por um profissional.”

Ela se refere à nossa ocupação rotineira, seja num vínculo empregatício, num empreendimento pessoal ou como trabalho autônomo.


B - Vocação é uma palavra cujo significado é tendência ou inclinação natural para uma profissão ou ocupação cujo “motor de energia” nasce internamente.


Conforme Wikipédia “Vocação é um termo que deriva do latim vocare, cujo significado é chamar”. É então um processo igual ao motivacional.


Qual é o seu “chamado interior”, o que, de fato, lhe satisfaz quando pratica e o faz sentir-se realizado, pleno?


Mas a vocação é um apelo interno que nos direciona a diversas atividades, sejam elas profissionais ou não. Assim ela pode ser uma capacidade ou interesse natural por qualquer coisa, podendo ser um hobbie, como cantar, dançar e escrever, a prática de esportes, desenho ou prática de artes em geral... Na maioria dos casos ela conta com uma aptidão natural.


Os significados da palavra vocação são vários. Desde a vontade que sentimos para fazer algo que já nos parece tão natural, como aptidões inexplicáveis, a paixão por algo que pode ser derivada de herança, aptidão natural, orientação ocupacional etc.


O alinhamento desses dois conceitos é que garante a nossa satisfação de fato. Quando escolhemos o curso que iremos fazer na faculdade, nem sempre consideramos esse alinhamento porque nem sempre temos isso claro naquele momento de escolha.


Os motivos que nos levam a escolher determinado curso, ou até mesmo uma escola especifica, podem passar por inúmeras razões, sejam elas:

  • orientação ou pressão familiar (o pai fez isso e se deu bem);

  • influência social (a maioria dos amigos está na área):

  • a ideia de que é uma profissão bem remunerada;

  • status social (profissão valorizada em seu contexto social);

  • outros.

Há um caso que gostaria de compartilhar: Um aluno de Administração de Empresas nos contou que seu pai, engenheiro formado pela Poli (Escola Politécnica da USP) e muito bem sucedido profissionalmente, sugeriu (talvez de maneira incisiva demais), que o filho seguisse a mesma carreira. Esse rapaz até tentou, esforçando-se muito para ingressar no mesmo curso e na mesma escola, mas já no 2º. ano deu-se conta de que aquela não era sua realidade, (sua vocação, conforme queremos demonstrar).


O desenvolvimento dessa história já é subentendido, no curso de Administração de empresas relatou estar agora, de fato, sentindo-se feliz e motivado, e se dando bem com as disciplinas que estava estudando.


É então, fundamental salientar que as escolhas profissionais, já começam pela escolha do curso que o jovem irá fazer, bem como a escola onde pretende ingressar, partindo do concurso vestibular. Sabemos que essa fase significa grande investimento em tempo e energia, sem contar com os cursinhos pagos que às vezes é obrigado a fazer.


Existe ainda uma etapa de adaptação ao ambiente universitário. Os jovens, de maneira geral, estão vindo de uma realidade diferente. No ensino médio, a maioria dos professores precisa exercer um papel controlador, verificando e lembrando à classe sobre tarefas de casa, trabalhos com prazos específicos etc.


Na sala de aula, os professores costumam chamar a atenção de alunos distraídos, conversadores e que não acompanham a aula. Esses professores acabam exercendo uma função meio “paterna” chamando-lhes a atenção o que tira do aluno a noção de corresponsabilidade pelo processo de aprendizagem.


Esse princípio pedagógico pressupõe também o fator motivacional: “se o aprendiz não quer, não aprende”.


No ambiente universitário, o corpo docente adota uma postura diversa, apresentando conceitos e ideias, e delegando aos alunos a consolidação do aprendizado por meio de pesquisas e atividades autônomas. Assistimos muitos conflitos em sala de aula nas universidades quando a maioria dos alunos acaba sendo reprovados na 1ª. série por dificuldade de adaptar-se a essa nova realidade.


Passadas essas fases o jovem que conseguiu “reaprender” a aprender, terá que empenhar-se para conseguir bons resultados, e “passar de ano”. Série após série despenderá muita energia e atenção para a “promoção de série” esperada até chegar à conclusão do curso.


Uma vez adaptado ao curso, e chegando ao momento estabelecido pelo Projeto do Curso, deverá cumprir o estágio curricular. Inicia-se aí a aprendizagem de um novo “repertório de comportamentos e atitudes”. Serão novos desafios, com êxitos, frustrações e diversas vivências, não experimentadas anteriormente.


É muito curioso e até estranho que muitas vezes, no estágio curricular, é que muitos estudantes se dão conta de que escolheram o curso inadequado para sua vocação.


É clássico o exemplo de alunos que se esforçam por anos para ingressar num curso de medicina e assim que entram em contato direto com a profissão percebem o quanto está desconectado dela, sua vocação. (exemplo: pessoas que não suportam ver sangue).


Existem processos de Orientação Profissional, que ocorrem na fase de escolha do curso superior que irá realizar, desenvolvidos por profissionais habilitados. Esse processo tem ajudado muito aos jovens na sua escola profissional, justamente baseado em seu Vocacional interno.


O jovem é levado a refletir, e muitas vezes até adquirir melhor conhecimento do que é de fato aquela profissão que acha que irá ocupar. Já nessa fase, pode ocorrer o redirecionamento necessário para que não ingresse numa carreira incompatível com seu processo interno.


Essa reflexão nos demonstra assim, a importância de um bom “direcionamento de carreira” desde a escolha correta de um curso que esteja então, em conexão com o vocacional do jovem. Esse cuidado irá certamente auxiliá-lo a fazer a melhor escolha e encaminhamento profissional possíveis, visando assim minimizar desadaptações e frustrações quando ingressar efetivamente na área profissional correlacionada à sua formação acadêmica.


Jovens na idade de escolha acadêmica e profissional na maioria dos casos estão em forte ebulição emocional e fisiológica, onde hormônios falam mais que a razão. Qualquer auxílio nesse momento será sempre de grande valia.


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